terça-feira, 6 de outubro de 2009

O PINTOR (João Felinto Neto)

Não há tinta em minhas mãos,
não há telas.
Não passa de invenção,
a embarcação
e as velas.

Não há mar e nem gaivotas,
nem mesmo uma pequena ilha.
Não há pessoas nas portas.
Não há vila.

Porém na imaginação,
de um borrão faço uma ilha.
Ponho água, céu e chão.
Crio a mais bela vila.

Ponho pessoas nas portas,
outras correndo pro mar.
Ponho um barco, rumo a terra,
velas e o vento a soprar.

Ponho alguém a escutar,
o barulho das gaivotas,
a onda que vai e volta,
e o canto de Iemanjá.

Ponho um sol já a se pôr
no entardecer do dia.
Ponho cor e harmonia,
como poria o pintor
em seu quadro de valor,
a mais bela poesia.

RUA - MEDO (João Felinto Neto)

RUA (João Felinto Neto)

Bela calçada, dama passada, diurnamente movimentada. Na madrugada, sem companhia, apenas o cão que ladra. Onde se mora, onde se pisa, no tempo és encantada. Um que se vai, outro que chega, saudade recompensada. Quando se morre, fica de luto. Quando se nasce, se comemora. Às vezes triste, desanimada, outras alegre e festejada. Quando se parte, nunca se esquece, daquela rua em que se cresce.
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MEDO (João Felinto Neto)

A escuridão que tanto temia na minha inocência, por medo de monstros que me perseguiam numa fantasia, já não mais a temo. A maturidade nos mostra a realidade, triste realidade, de que na claridade somos presas fáceis de nós mesmos. Criança, não tenha pressa de crescer. Agora, o seu futuro ainda é escuro, mas será tão claro, que sentirá saudade do que foi outrora, inocente.
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Encontrei a poesia de João Felinto Neto pesquisando um tema no google, e lendo todos os textos que encontrei na biblioteca virtual de escritores e komedi http://www.komedi.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=2555 fiquei realmente impressionado com tudo. Muita alma, vida, sonho, realidade, sensibilidade, encantamento, mergulho no tempo, em nós mesmos. Viajei e me identifiquei em cada um deles. DEMAIS!