terça-feira, 30 de setembro de 2008

VAMOS VOLTAR PARA CASA ?



Há alguns dias falei de quando eu morei em outra cidade, que era uma hora triste quando eu saía do trabalho e não ia para casa, lar, morada, família, e ficava andando pelas ruas e esquinas até ir para a pensão dormir.

Agora achei este texto do J.G. de Araujo Jorge que diz bem dessa sensação: - Uma hora "sagrada" para mim é a hora da volta. A hora de voltar para casa. Acredito que seja uma "hora sagrada" para quase todos os homens.Ao fim do dia de trabalho, de preocupações, de luta, atirado ao mundo ilimitado de interesses e ambições, aquela expectativa de paz, de aconchego, do seu pequeno mundo entre quatro paredes.Os ingleses tem uma doce palavra que define esse porto de volta - "home".É o nosso lar.Tenho uma pena infinita daqueles que não podem voltar, ou não tem para onde voltar. São como pássaros que tivessem que permanecer em vôo, sem o embalo de um ramo, ou a quentura de um ninho.Na pressa do retorno, no fim da jornada, quando procuro os meios de condução, vez por outra surpreendo na ruas, nos bancos das praças, os vultos indigentes dos que não voltam, dos que terão de ficar, dos que vêem chegar a noite, indiferentes ao estranho burburinho humano que lembra o dos pardais, nas árvores da cidade.Então, não consigo evitar que um pensamento amargo turve o meu apressado egoísmo. E uma tristeza inevitável esvoaça por momentos como uma borboleta negra que entrasse por uma janela aberta.Todos nós, diariamente, ao entardecer, somos coo marinheiros de nós mesmos; navios que se avizinham do porto de origem. ansiamos por avistar a paisagem do coração, por encontrar os que nos são caros, os que justificam as partidas de todo dia, o cotidiano exílio do trabalho. O TEXTO NA ÍNTEGRA ESTÁ EM http://www.jgaraujo.com.br/nomundo/vamos_voltar_casa.htm

Mario Quintana disse em O VIAJANTE: "Eu sempre que parti, fiquei nas gares. Olhando, triste, para mim...”Porto Alegre 21/10/71.

AS CASAS DE ANTIGAMENTE

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UMA CASA NA LEMBRANÇA.
Ainda existem casas aqui próximas como essa, que sobreviveram à SELVA DE PEDRA.
Trechos de um texto do J.G. de Araujo Jorge (1969):
Com a mecanização avassalante da vida moderna, muitas vezes me pergunto qual será a imagem do lar do futuro? A dona-de-casa trabalha fora, absorvida por mil e uma preocupações estranhas ao seu tradicional mundo doméstico; desaparecem as empregadas; os apartamentos se resumem a cubículos, com peças únicas, escamoteáveis, armários embutidos, sofás e poltronas-camas, quitinetes; aparelhos elétricos capazes de improvisar papas liquidificadas à guisa de refeições. Os filhos amontoam-se em camas-beliches, em espaços exíguos de camarotes de navio.
Bem que o guardo na memória, abrindo suas janelas altas, com grades de ferro, para a rua; o jardim lateral, a grande amendoeira, as acácias. Casas com telhados coloniais; janelas com gelosias românticas; amplas varandas com cadeiras de balanço, com redes preguiçosas, arrastando franjados no assoalho; quintais com uma infinita variedade de árvores, cada vez mais raras: abieiros, caramboleiras, sapotizeiros.
Mas não trocaria, por nada deste mundo, algumas das casas da minha infância, intactas, de pé, nas ruas da memória e do coração. As casas são como seres que nos envolvem, com suas paredes, nos abrigam e protegem; nos falam; partilham de tantos dos nossos momentos; nos amam e passam, e às vezes morrem. Veja na íntegra em http://www.jgaraujo.com.br/nomundo/uma_casa_lembranca.htm

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