sexta-feira, 14 de novembro de 2008

AINDA SOBRE O CASARÃO - A BELA VISTA A SUA FRENTE














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As praias de Charitas e São Francisco (Niterói), que ficam bem a frente desse casarão... e fui apreciar o fim de tarde e não podia deixar de fotografar.
E vai aqui um dos endereços do Casarão de Charitas, onde cheguei a frequentar bailes ainda na adolescência... http://www.cdp-fan.niteroi.rj.gov.br/patrimonio/CASEMCHA.htm

BANQUINHO MÁGICO...


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Está vendo essa estradinha de terra? Muito bonita, não acha? Siga por ela, e quando chegar ali na frente, entre à esquerda e senta naquele banquinho, na sombra daquela frondosa árvore, vai ver que gostoso que é. Ali sopra uma agradável brisa, e você vai poder descansar desse longo caminhar e desse sol que está muito quente.
Ah, e tem mais... é um silêncio que só se ouve o canto dos pássaros e o correr das águas de um riacho próximo. Bom de ficar pensando na vida... deixar o tempo passar.
Olha! E tem uma coisa nesse lugar que nem sei direito explicar. É assim uma energia, ou magia... Sei lá! E a noitinha, céu estrelado e luar, ai que se percebe melhor, ouço até música, acredita? Acho que é BLUE MOON.
Faz o seguinte, se puder e quiser: Lá pelas 8 horas da noite eu já estou ali no banquinho, então explico direitinho. E vou falar baixinho, porque é segredo, senão todo mundo vai saber e vai acabar o encanto do lugar. Mas na verdade nem é segredo, é mais um se deixar ouvir e sentir.
Ah, se você também ouvir a música, podemos até dançar, não é? Eu aqui comigo já viajei no tempo e vi você num lindo vestido de baile. No banquinho mágico o tempo não envelhece... passado e presente vivem sua real eternidade.
Lembrei de um texto do Rubem Alves: "... A vida inteira é um esforço para nos lembrar... Vez por outra ganhamos o beijo: vemos uma coisa bela e ficamos encantados. Por vezes, apaixonados. Isso quer dizer que fomos tocados por aquela beleza esquecida que um dia nós vimos. Fernando Pessoa pensava assim também. Aquela sua declaração de amor: “Quando te vi amei-te já muito antes, tornei a encontra-te quando te achei...” Então, a amada já estava dentro da sua alma, à espera... O encontro foi, na realidade, um re-encontro. Essa coisa bela que nos encanta, entretanto, não é a beleza pura que existe naquele reino espiritual. É apenas o seu breve cintilar, seu reflexo nas águas do tempo. O mundo está cheio de cintilações da eternidade. "
Autor: Eu no banquinho.

A TERRA VISTA DA LUA


Imagine V. podendo observar a Terra a partir da Lua. Como pensar que este organismo vital, que gera e sustenta inúmeras formas de vida, não seja uma coisa só! Um gracioso planeta que abriga tantas e tantas espécies de seres inteligentes e criativos... como imaginar que nele existam separação, conflito, injustiça e infelicidade? Separação proporcionada por grupos de poder, governos, instituições religiosas e outros congêneres que não reconhecem a Unidade, o Amor, que discriminam e condenam a diversidade, esta esplêndida característica de cada habitante do planeta?Por que tanta dor, tanta incompreensão entre os escolhidos viajantes da nave? Não conseguem olhar para o céu estrelado e se inspirar na vibração de amor, de doação total, de abundância de tudo que Deus nos proporciona... não têm olhos ou coração para ver no outro um irmão de caminhada, um ser perfeito e completo? Se em nosso interior não tivéssemos a esperança, este precioso sentimento atuando vigorosamente feito um bálsamo sobre nossas cicatrizes e nossas feridas de Alma, não poderíamos, provavelmente, continuar a busca pelo Caminho da evolução, da verdade, da realização, que na maioria das vezes ocultam resultados concretos, palpáveis. Este universo infinito que nós percorremos numa incrível velocidade não foi criado somente para ser contemplado nas noites estreladas; encontra-se na base de um projeto maior que talvez nos escape em sua amplitude, mas que pacientemente espera que nossa civilização - como um todo - dê finalmente um grande salto qualitativo, um processo que muitos chamam de Ascensão, de mudança de plano. (ESPECIAL STUM - trecho).

ANIVERSÁRIO - Fernando Pessoa

















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Ah, que pena! Um casarão assim tão bonito, e parece abandonado, a grade toda enferrujada. E assim na beira do mar, uma linda paisagem. E ele deve ter tantas histórias para contar.
Vou aproveitar a beleza do lugar e postar um lindo texto do Fernando Pessoa, de 1929, que fala desse longo caminhar, dos anos e aniversários que vão passando, e esse poema foi até citado na postagem anterior.

Aniversário
Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos, eu era feliz e ninguém estava morto.Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos. E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer. No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos, eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma. De ser inteligente para entre a família, e de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças. Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida. Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo, o que fui de coração e parentesco. O que fui de serões de meia-província, o que fui de amarem-me e eu ser menino. O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...(Nem o acho...) o tempo em que festejavam o dia dos meus anos! O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa, pondo grelado nas paredes...O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas), o que eu sou hoje é terem vendido a casa, é terem morrido todos. É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio... No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo! Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez, por uma viagem metafísica e carnal, com uma dualidade de eu para mim...Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes! Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos, o aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —, as tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, no tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração! Não penses! Deixa o pensar na cabeça! Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!Hoje já não faço anos. Duro. Somam-se-me dias. Serei velho quando o for.Mais nada. Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
15/10/1929

CASARÕES, PRAÇAS, IGREJAS... MEMÓRIAS



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Fotos minhas, momentos, fragmentos, e de quadros que pintei e tirei a cor, dessas cenas que ficam em nossas vidas, de sobrados, pracinhas, igrejas, e falam de tempos idos que ficaram na memória e nos trazem boas lembranças. E que aproveito aqui para ilustrar o belo texto abaixo:

A Menina Do Casarão
Carmen Apóstolo

Lola, quando menina, morava num casarão ao lado da matriz, na cidade Rio do Meio. Todos os anos na ocasião do natal, aquela grande família se reunia ali para festejar a data. Bem ,o melhor é que eu conte de uma vez a vocês como tudo ocorria nessa ocasião:
Era noite de natal! Tudo estava iluminado! Na sala, a mesa comprida , comportava até os que resolvessem aparecerde última hora... A leitoa pururuca, o arroz de forno e o cabrito assado...Ah! La isso não faltava!... E, também o mantecau, o doce espanhol de tia Antônia , era o preferido dos doces. Ai, era pra comer de olhos fechados! Enquanto isso, as crianças corriam de cá pra lá, ali perto do quintal. A praça já estava movimentada . O carrilhão da torre da igreja marcava vinte e duas horas. Daí até meia noite era um corre-corre danado! Estavam todos a espera da missa do galo , a meia noite. As crianças, quando passavam pela sala já iam se deliciando com aqueles docinhos gostosos feitos por tia Conceição... Tudo era festa, com muita alegria e muita fartura! A jovem se lembravade todos os fatos e os relatava a mim de maneira singular. Parecia que lá eu estava a fazer parte do Manjar dos Deuses . Os sapatinhos das crianças , cheios de capim verdinho, ficavam na janela para que o cavalinho de Papai Noel comesse, caso tivesse fome. Naquela época não se ouvia falar em renas, Noel vinha a cavalo mesmo! Depois de apear , subia no telhado e descia pela chaminé,deixando os presentes debaixo da árvore ou nos sapatinhos cheios de capim. Isto, só depois da turminha se deitar para dormir. E, que eu saiba, ninguém dormia...Entre os priminhos crianças havia mais de dez , que hoje não são mais crianças e se transformaramem respeitáveis senhores e senhoras.
Sempre, por ocasião dessa data, Lola recorda com saudade que lhe dói forte...Tudo como já disse Fernando Pessoa no seu poema “Aniversário “ “...As tias velhas, os primos diferentes... “Muitos anos se passaram...Um dia Lola voltou à cidadezinha para matar a saudade. Estava tudo quase como dantes, a não ser a matriz que foi ricamente reconstruída.
Para sua surpresa, o casarão estava todo iluminado! Chegou-se até a calçada e ali deparou com o primo mais velho, o senhor Justino, que muito comovido disse:
Hoje sou dono do velho casarão e de todas as alegrias que aqui vivemos. A mesa ainda está lá esperando um delicioso leitão e os docinhos tão gostosos porque aquelas crianças, somos nós !