quarta-feira, 4 de março de 2009

BICICLETAS


Praia de Icarai (Niterói) em 1959 - todo mundo andava de bicicleta, podia deixar na calçada que na volta do banho de mar ela estava lá. Às vezes, os amigos, colocavam no alto das árvores, pendurada nos galhos... e como tirar sozinho? E olhem os shorts, como eram curtinhos (rs). A praia tinha até trampolim. Ao invés de protetor solar era óleo de bronzear. Bons tempos! Mas as bicicletas estão voltando, cada vez mais... e eu continuo pedalando.

CAIXAS D'ÁGUA


Clique sobre a imagem para ampliá-la (foto ney)

Já não se fazem caixas d'água como antigamente (rs). Essa é do Campo São Bento, em Niterói-RJ., maior praça pública da cidade, ficou ali como relíquia de um tempo que funcionava como caixa d'água. Uma construção simples mas interessante, a imaginação nos leva a pensar na Torre de Rapunzel, prisioneira da bruxa; num mirante; num farol a beira do mar (dizem que antigamente o mar vinha até ali). A praça é mesmo um lugar de se relaxar, e tem o lago, o chafariz, o quiosque, um belo coreto, o parque das crianças, as mesinhas de jogos da terceira idade, a feira de artesanato nos finais de semana e feriado. Numa imaginação quixotesca poderíamos lembrar dos antigos moinhos inimigos de Don Quixote.
Aliás, achei um texto interessante num blog (ciclistas anônimos), que nos ciclistas enfrentamos o trânsito como se fôssemos Don Quixote. "o ciclista surge neste ambiente inóspito como um tipo de figura quixotesca a duelar a cada esquina, a cada quadra com máquinas metálicas, velozes e mortíferas." Tomando esta linha de pensamento quer me parecer que ela é mais procedente do que tinha pensado. Don Quixote, acompanhado do fiel escudeiro Sancho Panza, tem um ideal e um objetivo mas se defronta, na busca de concretizá-los, com obstáculos difíceis de superar.
Quando enfrenta, pensando se tratarem de cavaleiros inimigos, os moinhos de vento, defronta-se, na realidade, com forças que superam sua pequena capacidade de luta.
Os ciclistas que entram dentro do trânsito e disputam seu espaço com veículos pesados, são como Don Quixote enfrentando os moinhos. O resultado é bem conhecido. Os ferimentos, as fraturas ou até mesmo, o que não é incomum, a morte. Trata-se de um confronto desigual e mortal. Nem sempre o capacete, os equipamentos de segurança, o respeito a regras de trânsito, são garantia integral de sobrevivência. Muitas vezes estas proteções se pulverizam diante da brutalidade que é ser atropelado por veículos que podem ser centenas de vezes mais pesados.
Este é o momento em que, efetivamente, estamos na contramão pois a vida é uma via de mão única. Para superar esta condição de inferioridade só dispomos da nossa organização e da nossa união. Quando entramos na discussão das condições oferecidas para o ciclismo urbano, percebemos que temos dificuldade em manter o foco naquilo que é mais essencial e nas questões primordialmente mais estratégicas.
Como Don Quixote acreditamos que ações algumas das quais em parte ingênuas e isoladas possam modificar um quadro profundamente instalado em nossa sociedade e dentro do qual o automóvel é o soberano intocável. Temos que ir à busca de aliados, um dos quais temos de ter a clareza de nos dar conta, é o transporte coletivo. Poucas vezes vejo colocada esta associação mas ela é central num contexto em que o grande desafio é impedir que os carros particulares ocupem as ruas de forma cada vez mais avassaladora.
Para concluir estas observações, reitero que é o momento de caminharmos das formas quixotescas de tentar abalar o poder do qual os ciclistas estão excluídos, para outras mais estruturadas e, em especial, baseadas em estratégias mais coerentes com os embates que se colocam pela frente.
Nossa! Fui de um assunto a outro, é mesmo minha mania viver pedalando...