terça-feira, 13 de janeiro de 2009

BOLEROS, SAMBAS, CASAS DE DANÇA...



Clique sobre as imagens para ampliá-las.
Os “anos dourados” marcaram o início de grandes mudanças sociais, o rock, a juventude transviada, hippies, woodstock, Beatles, Bossa Nova. Até então eram as estruturas bem conservadoras, as mulheres recatadas, sempre em desvantagens nos comportamentos machistas, ditados pelos pais, irmãos e os próprios namorados, os namoros até as 22 horas, e vivíamos na sociedade os bailes de formatura, debutantes, grandes orquestras, carnaval de clube, de rua. Já os rapazes eram mesmo persuadidos a serem também da noite, dos salões de sinuca, bilhar, dos cabarés, “boites”, casas de dança. Aos 14 queríamos ter 18 anos e ir para a boemia, eram tempos diferentes, a violência não passava do famoso “batedor de carteira”, uma eventual briga onde alguém poderia ter um canivete e todos saíam correndo, e a polícia chegava e levava o cidadão em cana.
Querendo ou não, hipocrisias ou preconceitos à parte, foi uma época que nos marcou. E sem ser um boêmio, um malandro, um bom em sinuca ou bilhar, ou dança de salão, eu estava simplesmente lá vivendo meus momentos.E foram no Rio e em SAMPA, mas em São Paulo eu morava sozinho, no centro, e vivia nas ruas, nas noites, um pouco dessas casas de dança, samba, boites, táxi danças e outras, mas também os teatros, cinemas, restaurantes. Noites iluminadas, ruas cheias de gente, muitas de outras cidades, estados, países, imensidão cosmopolita, pessoas buscam seus espaços, realizações, integração, vivem alegrias, saudades, encontros e desencontros, e cada um se entende do seu jeito, e o recente filme CHEGA DE SAUDADE contou um pouco dessas histórias de casas de danças. Ouvindo os grandes boleros sinto saudades (besame mucho, solamente una vez, El dia que me quieras)... talvez pensem os filhos, netos, que já nascemos idosos, caretas, mas vivemos nossas épocas:

Boleros, dois pra lá, dois pra cá
Magia, devaneio, imagens do passado
Longe de casa, nas ruas da cidade
Saudade, mocidade

As escadas de madeira, corrimão
Dando acesso ao grande salão
Rosto colado, braços em abraços
Corpos juntos na melodia

Ritmo embriagante
Música envolvente
Perfume, ruge, batom, flor no cabelo
Sensações, olhares insinuantes

Pensamento delirante
Confuso, talvez buscando longe a namorada
Dançando com outra a saudade
Paixão passageira, ausência, solidão, traição

Momentos, instantes,
Iludem as distâncias
E nunca se sabe
Onde podem ir

Matar a saudade
Aplacar o calor
Serenar a alma
Enganar o coração. (ney).

Lembro do Salão Azul e Santa Cruz, no centro de Niterói (sinuca e bilhar), danças no Harmonia; no Rio a Lapa, Pça.Tiradentes, Estudantina, Rua Alice; em Sampa a Rio Branco, Duque de Caxias, Ipiranga, Major Sertório, Bilhar da São João, Brig. Luiz Antonio.