quarta-feira, 11 de março de 2009

CREPÚSCULO





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Crepúsculo, diz o dicionário: Claridade frouxa que precede o clarão do dia e a escuridão da noite, ocaso. Eu não diria "frouxa", mas suave, tênue, tranquila, romântica. Num comentário a um dos meus posts, recebi o belo texto que segue:
"Nasce o sol, e não dura mais que um dia, depois da Luz se segue a noite escura, em tristes sombras morre a formosura, em contínuas tristezas a alegria. Porém, se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a Luz, porque não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? ... Começa o mundo enfim pela ignorância, e tem qualquer dos bens por natureza, a firmeza somente na inconstância." - Gregório de Matos.
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"Firmeza na inconstância", que pode parecer contraditório, acabou por me fazer procurar saber mais a respeito do autor, do texto, de quando foi escrito, pois sempre achei que a inconstância tem também um pouco de não querer ser sempre igual, não ter uma verdade absoluta, mas ser capaz de se ajustar às diversas circunstâncias e realidades, até porque a vida é mesmo um mistério, um eterno caminhar, aprender.
O escritor Gregório de Matos Guerra, nascido na Bahia, provavelmente a 20 de dezembro de 1633, firma-se como o primeiro poeta brasileiro. Após os primeiros estudos no Colégio de Jesuítas, vai para Coimbra, onde se gradua em Direito. Apesar de ser conhecido como poeta satírico – daí o apelido "Boca do Inferno" –, Gregório também praticou, e com esmero, a poesia religiosa e a lírica.
Sobre o texto acima... O tema da fugacidade do tempo, da incerteza da vida, é desenvolvido por meio de um jogo de imagens e idéias que se contrapõem, num sistema de oposições: nasce x não dura; luz x noite escura; tristes sombras x formosura; acaba x nascia. O espírito Barroco é cabalmente expresso no célebre dilema do 3º ato de Hamlet, de Shakespeare: "To be or not to be, that is the question". ("Ser ou não ser, eis a questão...")
Temas contraditórios: Há o gosto pela confrontação violenta de temas opostos;
Efemeridade do tempo e carpe diem: O homem barroco tem consciência de que a vida terrena é efêmera, passageira, e por isso, é preciso pensar na salvação espiritual. Mas já que a vida é passageira, sente, ao mesmo tempo, desejo de gozá-la antes que acabe, o que resulta num sentimento contraditório, já que gozar a vida implica pecar, e se há pecado, não há salvação.
"...Gozai, gozai da flor da formosura, antes que o frio da madura idade..." - Conflito espiritual: O homem barroco sente-se dilacerado e angustiado diante da alteração dos valores, dividindo-se entre o mundo espiritual e o mundo material. (Talvez como nos dias de hoje - observação minha).LEIA MAIS do interessante trabalho em: http://netopedia.tripod.com/Literatura/barroco.htm