quinta-feira, 4 de junho de 2009

IMAGENS QUE NOS TRANSPORTAM NO TEMPO










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Do alto da escada do belo jardim do solar, calça jeans e celular, um modo de ser destes nossos tempos, fui envolvido pela magia de todo aquele contexto histórico que se vive nas sombras das árvores, na suave brisa, no canto dos pássaros, na rica construção de 1872 (Solar do Jambeiro-Niterói-RJ).
Nesse clima, fiquei imaginando uma bela dama daqueles tempos surgindo numa daquelas janelas, por entre as cortinas enfunadas pelo vento, uma suave música vindo do interior da magnífica residência.
Foi então que lembrei das palavras de José de Alencar em A SENHORA (1875), e ela assim apareceu:
"A gentil menina surgira de sua pensativa languidez, como uma estátua de cera que transmutando-se em jaspe de repente, se erigisse altiva e desdenhosa, desferindo de si os lívidos e fulvos reflexos do mármore polido. Ela caminhou para as janelas, e com petulância nervosa, suspendeu impetuosamente as duas venezianas, que pareciam um peso excessivo para sua mão fina e mimosa. A torrente da luz precipitando-se pela abertura das janelas, encheu o aposento; e a moça adiantou-se até a sacada, para banhar-se nessas cascatas de sol, que lhe borbotavam sobre a régia fronte coroada do diadema de cabelos castanhos e desdobravam-se pelas formosas espáduas como uma túnica de ouro. Embebia-se de luz. Quem a visse nesse momento assim resplandecente, poderia acreditar que sob as pregas do roupão de cambraia estava a ondular voluptuosamente a ninfa das chamas, a lasciva salamandra, em que se transformara de chofre a fada encantada".
Bem, sobre essas exuberâncias de linguagem e imaginação, o próprio José de Alencar faz algumas considerações no início do livro, dizendo-se mais sóbrio em suas escritas, e sem ilusões e entusiasmos. Mas, consciente que as tirando poderia sacrificar a estética e o mais delicado matiz do livro. Veja na íntegra em http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/1866.