sexta-feira, 3 de abril de 2009

O LAÇO DE FITA


















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Pois é, um laço de fita pode fazer a diferença... Castro Alves sabia dizer as mulheres, arrebatando paixões, gostava de música e poesia, saraus, festas de arte, foi abolicionista e voluntário para a guerra do Paraguai. Da Bahia foi para Recife, Rio, São Paulo, conviveu com os maiores poetas e escritores da época, sendo patrono da cadeira 7 do Academia Brasileira de Letras.
O LAÇO DE FITA
Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...Prendi meus afetos, formosa Pepita. Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?! Não rias, prendi-me num laço de fita. Na selva sombria de tuas madeixas, nos negros cabelos da moça bonita, fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem, formoso enroscava-se o laço de fita. Meu ser, que voava nas luzes da festa, qual pássaro bravo, que os ares agita, eu vi de repente cativo, submisso, rolar prisioneiro num laço de fita. E agora enleada na tênue cadeia debalde minh'alma se embate, se irrita... O braço, que rompe cadeias de ferro, não quebra teus elos, ó laço de fita! Meu Deus! As falenas têm asas de opala, os astros se libram na plaga infinita. Os anjos repousam nas penas brilhantes...Mas tu... tens por asas um laço de fita. Há pouco voavas na célere valsa, na valsa que anseia, que estua e palpita. Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...Beijava-te apenas...Teu laço de fita. Mas ai! findo o baile, despindo os adornos n'alcova onde a vela ciosa... crepita, talvez da cadeia libertes as tranças. Mas eu... fico preso no laço de fita. Pois bem! Quando um dia na sombra do vale abrirem-me a cova... formosa Pepita ao menos arranca meus louros da fronte, e dá-me por c'roa... teu laço de fita.