sábado, 5 de março de 2011

CARNAVAL III - Olê Olá




foto ney (clique para ampliá-la)
OLÊ OLÁ (Chico Buarque)

Não chore ainda não, que eu tenho um violão, e nós vamos cantar. Felicidade aqui pode passar e ouvir, e se ela for de samba há de querer ficar. Seu padre toca o sino que é pra todo mundo saber, que a noite é criança, que o samba é menino, que a dor é tão velha que pode morrer...
Olê, olê, olê, olá... tem samba de sobra, quem sabe sambar, que entre na roda, que mostre o gingado, mas muito cuidado, não vale chorar. Não chore ainda não, que eu tenho uma razão, pra você não chorar. Amiga, me perdoa, se eu insisto à toa, mas a vida é boa para quem cantar... meu pinho toca forte que é pra todo mundo acordar, não fale da vida, nem fale da morte, tem dó da menina, não deixa chorar.
Não chore ainda não, que eu tenho a impressão, que o samba vem aí... é um samba tão imenso que eu às vezes penso, que o próprio tempo vai parar pra ouvir. Luar, espere um pouco, que é pra o meu samba poder chegar, eu sei que o violão está fraco, está rouco, mas a minha voz não cansou de chamar.
Olê, olê, olê, olá... tem samba de sobra, ninguém quer sambar, não há mais quem cante, nem há mais lugar, o sol chegou antes do samba chegar, quem passa nem liga, já vai trabalhar... e você, minha amiga, já pode chorar.
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