terça-feira, 6 de outubro de 2009

O PINTOR (João Felinto Neto)

Não há tinta em minhas mãos,
não há telas.
Não passa de invenção,
a embarcação
e as velas.

Não há mar e nem gaivotas,
nem mesmo uma pequena ilha.
Não há pessoas nas portas.
Não há vila.

Porém na imaginação,
de um borrão faço uma ilha.
Ponho água, céu e chão.
Crio a mais bela vila.

Ponho pessoas nas portas,
outras correndo pro mar.
Ponho um barco, rumo a terra,
velas e o vento a soprar.

Ponho alguém a escutar,
o barulho das gaivotas,
a onda que vai e volta,
e o canto de Iemanjá.

Ponho um sol já a se pôr
no entardecer do dia.
Ponho cor e harmonia,
como poria o pintor
em seu quadro de valor,
a mais bela poesia.

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