domingo, 4 de outubro de 2009

MURILO MENDES - O FILHO DO SÉCULO



Clique sobre a imagem para ampliá-la (foto ney)
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Nunca mais andarei de bicicleta
Nem conversarei no portão
Com meninas de cabelos cacheados
Adeus valsa "Danúbio Azul"
Adeus tardes preguiçosas
Adeus cheiros do mundo sambas
Adeus puro amor
Atirei ao fogo a medalhinha da Virgem
Não tenho forças para gritar um grande grito
Cairei no chão do século vinte
Aguardem-me lá fora
As multidões famintas justiceiras
Sujeitos com gases venenosos
É a hora das barricadas
É a hora da fuzilamento, da raiva maior
Os vivos pedem vingança
Os mortos minerais vegetais pedem vingança
É a hora do protesto geral
É a hora dos vôos destruidores
É a hora das barricadas, dos fuzilamentos
Fomes desejos ânsias sonhos perdidos,
Misérias de todos os países uni-vos
Fogem a galope os anjos-aviões
Carregando o cálice da esperança
Tempo espaço firmes porque me abandonastes.

Murilo Monteiro Mendes fez seus primeiros estudos em Juiz de Fora e depois, no Colégio Salesiano de Niterói. Escritor fértil, obra abundante... veja em http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u611.jhtm

2 comentários:

Pétalas D'Alma disse...

Imaginei a encenação de um monólogo com este texto... Maravilhoso!! Sua foto ficou perfeita!! Bjus Flor

ney disse...

Bem pensado, solange, acho que daria mesmo certo. São tantas as indações da alma e dúvidas do coração nesses novos tempos apressados, que ficamos mesmo a cismar. Sabe, fico pensando que a bicicleta acaba por me fazer driblar melhor essa nova realidade, e nesse ritmo da pedalada vou me entendendo de forma mais serena. Pela destreza acabo por me entender também de carro, tive motos, sempre trabalhei no Rio, morei em SAMPA 5 anos, andei muito em estradas, nunca bati ou sequer precisei frear bruscamente, mas temos que admitir que é tudo meio louco. A bicicleta por si só já exige equilíbrio, por isso vou melhor com ela. E já estou eu num monólogo (rs). bjs/ney.