domingo, 10 de maio de 2009

MINHA BICICLETA



















Clique sobre a imagem para ampliá-la (foto ney)

Ia o sol se pondo num harmonioso encontro de céu e mar, sua luz já menos intensa deixando uma pálida silhueta das montanhas do Rio de Janeiro, um suave reflexo nas águas tranquilas da Baía da Guanabara. Soprava apenas uma leve brisa, por isso estava a atmosfera ligeiramente encoberta, não se tinha a nitidez e o brilho de muitos pores-do-sol que por aqui acontecem. Mas lá estava no alto do Corcovado o Cristo Redentor abençoando a cidade. E tinha até uma sereia na beira d'água, aqui na Praia de Icarai, em Niterói, de onde tirei a foto.
Nesse contexto, a luz do flash acabou por criar um reflexo luminoso nas rodas da minha bicicleta, resultante da refração nos retrorrefletores ou olhos-de-gato, imprescindíveis para segurança e sinalização no trânsito.

Num momento de serenidade, resolvi transcender e entender essa luz como um "breve cintilar, refletido nas águas do tempo". A bicicleta tem sido para mim, desde muito criança, quase uma extensão do meu corpo, dando-me ainda mais mobilidade, velocidade, sensação de liberdade e prazer em superar distâncias, ampliar horizontes. Ela me levava ao colégio, à praia, para ver a namorada, por passeios distantes, sozinho ou com amigos, deliciosas aventuras. Mais até que as motos que tive, que dependiam de motores. Um pouco como o velejar, que também pratiquei e desfrutei, onde o pedalar é substituido pela ação do vento enfunando as velas, ambos em harmonia com natureza. ney

Então quero citar aqui alguns textos que dizem com tanta poesia sobre o pedalar:

O CICLISTA
O homem que pedala, que ped'alma, com o passado a tiracolo, ao ar vivaz abre as narinas: tem o por vir na pedaleira.

ELOGIO BARROCO DA BICICLETA
Redescubro, contigo, o pedalar eufórico pelo caminho que a seu tempo se desdobra, reolhando os beirais - eu que era um teórico do ar livre - e revendo o passarame à obra.
Avivento, contigo, o coração, já lânguido das quatro soníferas redondas almofadas sobre as quais me etangui e bocejei, num trânsito de corpos em corrida, mas de almas paradas.
Ó ágil e frágil bicicleta andarilha, ó tubular engonço, ó vaca e andorinha, ó menina travessa da escola fugida, ó possuída brincadeira, ó querida filha, dá-me as asas - trrim! trrim! - pra que eu possa traçar no quotidiano asfalto um oito exemplar ! Alexandre O'Neill.
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A minha bicicleta só tem dois pedais, mas se monto nela não tem dois, tem mais !
A minha bicicleta tem um guiador quando monto nela......sou aviador!
No jardim onde ando não vejo um canteiro...sou aviador, vejo o mundo inteiro
Voo mesmo a sério !...
Por cima das árvores (não toco no chão!) voo mesmo a sério, vou de avião...
A minha bicicleta também tem selim, mas eu nem me sento, gosto mais assim :
Pedalo em pé, dá mais rapidez a minha bicicleta, é o que tu vês:
É um avião, pois eu não te digo?!
Da próxima vez...
Da próxima vez... Levo-te comigo? (Fernando Miguel Bernardes)

2 comentários:

lilian disse...

Além de soltar pipas, sempre gostei muito de andar de bicicleta.
a foto que postou com a sua bicicleta está linda.
adorei o que vc escreveu, o texto me reportou aos velhos tempos quando eu ainda era criança, onde andava com minha bicicleta para ir à escola.
Abraços.
lilian
lilian.43@hotmail.com

ney disse...

Pois é, Lilian, os bons tempos de brincadeiras nas ruas, subir em árvores, sentar na calçada e ver a vida passar, pegar chuva, andar descalço. E na pracinha, à noite, namorar a luz da lua. Aproveitei bastante, anos dourados e inesquecíveis.
Depois voltei nas praça levando os filhos e netos, que já nem estão mais em idade de pracinhas. Mas ainda passo por elas com minha bicicleta, mas não fico na turma do dominó não, tiro minhas fotos e vou em frente, vou longe pedalando, na orla, no meio do trânsito, tomo meus lanches, ainda tem chão, não desisto fácil não... trim, trim.
E vez ou outro estou lá pela orla do Rio, Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa, Barra, Paineiras... BOM DEMAIS! ney/