terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O VERBO AMAR - A ESPERA - ALVORADA ETERNA

O verbo amar

Te amei: era de longe que te olhava e de longe me olhavas vagamente...Ah, quanta coisa nesse tempo a gente sente, que a alma da gente faz escrava.

Te amava: como inquieto adolescente, tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava adivinhando esse mistério ardente do mundo, em cada beijo que te dava.

Te amo: e ao te amar assim vou conjugando os tempos todos desse amor, enquanto segue a vida, vivendo, e eu, vou te amando...

Te amar: é mais que em verbo é a minha lei, e é por ti que o repito no meu canto: te amei, te amava, te amo e te amarei!

(Poema de JG de Araujo Jorgedo livro -Bazar de Ritmos- 1935)
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"Alvorada Eterna"

Quando formos os dois já bem velhinhos, já bem cansados, trôpegos, vencidos, um ao outro apoiados, nos caminhos, depois de tantos sonhos percorridos...Quando formos os dois já bem velhinhos a lembrar tempos idos e vividos, sem mais nada colher, nem mesmo espinhos nos gestos desfolhados e pendidos...Quando formos só os dois, já bem velhinhos, lá onde findam todos os caminhos e onde a saudade, o chão, de folhas junca...Olha amor, os meus olhos, bem no fundo, e hás de ver que este amor em que me inundo é uma alvorada que não morre nunca!
J. G. de Araujo Jorge.
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"A Espera"

Ela tarda... E eu me sinto inquieto, quando julgo vê-la surgir, num vulto, adiante,- os lábios frios, trêmula e ofegante, os seus olhos nos meus, linda, fitando...O céu desfaz-se em luar... Um vento brando nas folhagens cicia, acariciante, enquanto com o olhar terno de amante fico à sombra da noite perscrutando...E ela não vem... Aumenta-me a ansiedade:- o segundo que passa e me tortura, é o segundo sem fim da eternidade... Mas eis que ela aparece de repente!...- E eu feliz, chego a crer que igual ventura bem valia esperar-se eternamente!...J. G. de Araujo Jorge

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