sexta-feira, 11 de junho de 2010

VER E SENTIR OS CAMINHOS



foto ney (clique para ampliá-la)
São tantos olhares que podemos ter sobre os caminhos, e neles vamos sentindo e aprendendo. Na linguagem fotográfica buscamos sempre um enquadramento de melhor dimensão, realçando cores, luzes, vida, intensidade.
Já os poetas e pensadores nos dizem com suas belas e envolventes palavras, deixando livre o imaginário e distantes os horizontes.
Seguem dois belos textos de grandes mestres que nos fazem perceber, crescer, evoluir, libertando e encantando a vida, nos tornando mais integrados, coerentes e humanos.

Uma névoa de outono (Fernando Pessoa)
Uma névoa de Outono o ar raro vela. Cores de meia-cor pairam no céu. O que indistintamente se revela. Árvores, casas, montes, nada é meu. Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono. Sim, sinto-o eu pelo coração, o como. Mas entre mim e ver há um grande sono. De sentir é só a janela a que eu assomo. Amanhã, se estiver um dia igual. Mas se for outro, porque é amanhã, terei outra verdade, universal. E será como esta [...]
Fernando Pessoa

Canção da estrada aberta – Walt whitmann
A pé e tranqüilo me entrego à estrada aberta... Saudável, livre, o mundo à minha frente. A longa trilha de terra à minha frente levando aonde eu escolher.
Doravante não peço boa-sorte, eu sou a boa-sorte, Doravante não mais pranteio, não mais adio, nada necessito. Acabaram-se as queixas internas, bibliotecas, críticas quérulas. Forte e contente percorro a estrada aberta.
A terra, isso é o bastante, Não quero as constelações mais próximas, sei que estão muito bem onde estão, sei que elas bastam àqueles que lhes pertencem. (Ainda aqui carrego meus velhos fardos deliciosos. Os carrego, homens e mulheres, os carrego comigo aonde quer que vá, juro que é impossível me livrar deles, sou preenchido por eles e os preencherei em troca.

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