O ÁTOMO (Murilo Mendes)
Agasalha-me à sombra do teu corpo.
Aninha-me entre teus seios,
Aquece-me no calor do teu ventre:
Coisa ínfima, quero ficar perto de ti
como um pássaro que fugiu da tempestade.
Eu sou uma moeda que Deus deixou rolar no chão.
Neste poema, os verbos agasalhar, aninhar, aquecer, ficar (perto), fugir (da tempestade), revelam o desejo de fusão. Corpo, ventre e seios são imagens que se agregam aos verbos referidos, para expressar o desejo de superar a vivência da separação. O poema mescla misticismo e sensualismo, sugerindo a fusão a outro corpo, na forma que o ÁTOMO se agrega, constituindo a matéria (Ana Maria Lisboa de Mello em POESIA E IMAGINÁRIO).
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